Há um só legislador e juiz sobre todos, e eu o louvo por exercer o juízo cheio de misericórdia. Davi afirmou com muita propriedade que nosso Deus tem misericórdia, o homem não. E, na verdade, embora o homem não tenha recebido este direito de Deus (pois deve ser somente observador e não juiz), não somente julga, como também condena. E não raras vezes até mesmo quer determinar a sentença. Deus enxerga tudo por todos os ângulos e julga as causas com retidão, pois sonda os corações em sua maior profundidade. O homem não tem esta capacidade, pois nem sempre discerne a verdade, nem conhece os motivos. Julga por uma atitude, auto-afirmação ou soberba. Esquece que também está sujeito a errar. A palavra nos adverte a não sermos demasiadamente justos, pois desprezaríamos o nosso próximo, assim como na parábola do fariseu e o publicano. A vontade de Deus é que sejamos perfeitos, não diante do próximo, para desprezá-lo, mas diante dele para honrá-lo. Estevão orava pelos que lhe tiravam a vida e ao invés de clamar por justiça aos seus algozes, clamou por misericórdia. Essa é a verdadeira justiça que excede a dos escribas e fariseus, sem a qual não herdaremos o céu. Não se trata de uma justiça que deseja o castigo pelo erro , e sim a redenção do mesmo.
Portanto, irmão, não queira ser juiz, pois este posto é demasiadamente elevado para nós, e qualquer que tentar galgá-lo certamente cairá.
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