"Não diga: Por que os dias do passado foram melhores que os de hoje? Pois não é sábio fazer este tipo de pergunta." (Eclesiastes 7:10)
Quando Jesus curou um cego de nascença, seus discípulos questionaram: "Quem pecou? Ele ou seus pais? Isto porque culturalmente a dor vem sempre associada à punição. Daí a dúvida: poderia um inocente já nascer castigado? Sofreria porventura pela culpa de seus antepassados?
Da mesma forma os amigos de Jó, ao sentarem-se com ele nas cinzas, "compartilhando" seu estado de penúria e desgraça, repreenderam-no severamente, pois para ser tão castigado só poderia ter pecado gravemente.
A dor, porém, é algo muito mais profundo e ao mesmo tempo sublime. Ela tem funções na vida que vão além do que pensamos. Certamente, uma delas é punir os erros, porém para corrigí-los e sempre está acompanhada de um novo plano de redenção dos mesmos.
A dor também funciona como um alarme que alerta quando algo está errado. Até mesmo em nosso organismo é assim...se não doer, como saber? Se não souber, como tratar?
Ela também possui um sentido de empatia, de misericórdia. Quando já experimentamos a mesma dor, o nosso compartilhar e nosso consolo são mais profundos, mais verdadeiros e cheios de compaixão. Por isso Cristo sofreu nossas dores.
O sofrimento também produz quebrantamento e arrependimento e, além de tudo isto é útil para nos fazer sentir humanos. Viveríamos mergulhados em extrema arrogância se não sofrêssemos dentro de um mundo que grita de dor. Mas seu propósito mais sublime, é fazer com que o nome de Deus seja glorificado, seja através de uma cura, como a do cego de nascença, seja pela força que encontramos na graça de Jesus quando a cura ou o alívio da dor não vem.
Portanto, a dor é tão difícil quanto necessária, e devemos estar prontos para sofrer, pois qualquer sofrimento é melhor que o conformismo, dissimulação ou comodismo. Jesus sofreu, os apóstolos sofreram, sejamos também participantes de suas aflições.
Então, não tenha medo da dor, e não a use como pretexto para a auto comiseração, pois ela é um dos maiores privilégios do ser humano. Somente sentido com intensidade a dor, sentiremos de algual forma os momentos felizes. Quem não sabe chorar, não sabe sorrir. Viver é sentir tudo isso de modo profundo e inteiro.
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